Veja o que fazer quando embargar sua obra
Ter uma obra embargada é, sem dúvida, um dos maiores pesadelos para quem está construindo. O embargo significa que os trabalhos foram oficialmente interrompidos por um órgão fiscalizador — normalmente uma prefeitura ou um órgão ambiental — em razão de alguma irregularidade detectada. E, embora seja uma situação que assuste à primeira vista, é possível enfrentá-la de maneira organizada, desde que se entenda o motivo e se busque a regularização o quanto antes.
Imagine, por exemplo, um pequeno empresário que inicia a construção de um galpão em sua propriedade, contando com um cronograma justo para começar a produzir. Porém, semanas depois, a obra é interrompida pela fiscalização municipal, que aponta a ausência do alvará de construção. A notificação chega fixada na parede da obra, e a sensação é de frustração, medo e incerteza. O que fazer? Como resolver?
A primeira providência é ler com atenção a notificação de embargo, pois é nela que estarão especificadas as razões formais da paralisação: falta de licenças, descumprimento do projeto aprovado, ausência de responsável técnico, impacto ambiental não autorizado, ou até construção em área pública ou de preservação. Em muitos casos, o erro decorre de uma tentativa de economizar tempo ou dinheiro ao pular etapas legais. O problema é que isso tende a sair mais caro.
Após compreender a causa do embargo, o caminho natural é buscar apoio técnico. Um arquiteto, engenheiro ou advogado com experiência em direito urbanístico ou ambiental será fundamental para conduzir o processo de regularização. Esse profissional poderá revisar o projeto, indicar os ajustes exigidos pela legislação, reunir os documentos necessários e iniciar o diálogo com o órgão fiscalizador. O foco deve estar na demonstração de boa-fé e no esforço para adequar a obra às exigências legais.
Com o suporte técnico, você deve reunir a documentação exigida: o alvará de construção, a licença ambiental (quando aplicável), as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART ou RRT) dos profissionais responsáveis, o projeto aprovado e eventuais relatórios de adequações feitas na obra. Com tudo em mãos, será o momento de protocolar o pedido de levantamento do embargo junto ao órgão que o aplicou.
É importante entender que o embargo não será suspenso automaticamente. Normalmente, o processo envolve a análise da documentação, vistorias técnicas no local da obra e, por vezes, exigências complementares. Durante esse período, manter uma comunicação transparente e cordial com os fiscais e técnicos do órgão é essencial para demonstrar comprometimento e acelerar a tramitação.
Caso o embargo seja considerado injusto ou desproporcional, ou se houver demora excessiva na liberação mesmo após o cumprimento de todas as exigências, a via judicial pode ser uma alternativa. Um advogado poderá propor medidas como mandado de segurança, ações declaratórias ou até mesmo ações de indenização, a depender do prejuízo causado. Mas, sempre que possível, é recomendável tentar resolver administrativamente.
Por fim, é preciso entender o embargo não apenas como um obstáculo, mas como um alerta para rever os procedimentos adotados na condução da obra. As construções no Brasil devem seguir normas técnicas, urbanísticas, ambientais e de segurança que variam conforme a cidade e o tipo de projeto. Por isso, prevenir é sempre melhor do que remediar. Trabalhar com profissionais qualificados desde o início, manter a obra sob acompanhamento técnico e garantir a obtenção de todas as autorizações antes de iniciar qualquer construção é a melhor forma de evitar embargos e proteger seu investimento.
Lidar com um embargo não é simples, mas também não precisa ser um drama irreversível. Com informação, apoio técnico e boa vontade para corrigir os rumos, é possível regularizar a obra, retomar os trabalhos e seguir em frente com a construção do seu sonho.

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